terça-feira, 30 de outubro de 2012

Trabalho produzido pelas alunas Jéssica E. Rodrigues, Hevillyn Lauer e Patricia A. Allocca, a partir da releitura da lenda capixaba A Sereia de Meaípe para disciplina de Ação Cultural, ministrada pela professora Meri Nádia Marques Gerlin  do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo.

A SEREIA DE MEAÍPE 


Há muito tempo, quando a maior parte do Espírito Santo era habitada pelos índios goitacás, um navio holandês, que passava pelo litoral capixaba, naufragou. Salvaram-se apenas alguns tripulantes que foram levados pelas ondas até a praia de Meaípe, agarrados em pedaços de madeira. Os índios ficaram admirados com seus cabelos cor de sol e olhos cor do céu. Achavam que eles foram enviados pelos Deuses do Oceano, oferecendo-lhes frutos e mel. O jovem capitão do navio holandês, Augusto, agradeceu a hospitalidade dos índios e aprendeu seus costumes. 

O capitão Augusto ficou muito amigo do feiticeiro da tribo que lhe ensinou os segredos da vida nas florestas. Numa tarde o feiticeiro apontou desesperadamente para o mar, Augusto só viu bolhas na água. O índio disse que era uma sereia, mas elas nunca apareciam na praia de dia, mas o jovem Augusto não acreditou. 

Augusto não pretendia viver para sempre na aldeia e decidiu fazer uma excursão pelo litoral capixaba na esperança de encontrar uma cidade e seguiu caminhando pela praia. Passados algumas horas de caminhada ele percebeu que alguma coisa o seguia pela água. Olhando para o mar ele viu claramente uma garota que logo mergulhou e não apareceu mais.  
Augusto ficou curioso e decidiu esperar mais um pouco. 

A noite surgiu, entre as ondas, a visão da formosa garota de cabelos loiros que refletia o luar. Augusto aproximou-se da água, mas a sereia afastou-se. O jovem holandês sentou-se na areia da praia e a sereia começou a cantar uma suave canção: 

Perdi meu anel no mar 
não pude mais encontrar 
E o mar, me trouxe o amor 
de presente prá me dar. 
Perdi meu anel no mar... 


Augusto dormiu em minutos. 
Na noite seguinte ela reapareceu. Augusto convidou-a a sentar-se ao seu lado. 
“Não posso, a Mãe-d’água não permite...” - disse a sereia. 
“Eu sou augusto. Qual o seu nome?” - perguntou.  
“Mariana” - respondeu ela afastando-se da praia. 
Augusto entrou na água e, a nado, perseguiu a sereia. 
“Não entre na água! Saia é perigoso” – gritou a sereia. 

A Mãe-d’água que não aceita o amor entre um ser do mar e um da terra, enroscou-se em Augusto e o arrastou até o meio do mar onde o transformou numa rocha. A sereia, então passou a noite inteira triste e chorando sobre a pedra. Não aguentando mais o sofrimento, Mariana decidiu procurar o feiticeiro amigo de Augusto. 

Ele disse que não existir ninguém que possa desfazer o feitiço da Mãe-d’água. Mariana ficou muito triste e disse ao feiticeiro: 
“Então quero que o senhor me transforme num ser humano, igual ao Augusto. Eu nunca mais quero voltar ao mar”. Então o feiticeiro entregou para a sereia uma poção mágica. 
“Tome essa poção, e amanhã você terá duas pernas no lugar da cauda de peixe”. Mariana imediatamente tomou a poção mágica. 

Na manhã seguinte, ela acordou com um belo par de pernas. Logo ela aprendeu a andar e toda tarde ficava sentada na areia olhando para a pedra onde estava Augusto. 
Mas o siri viu Mariana, que agora era um ser humano.
 “Não posso acreditar no que vejo!” – pensou ele. Logo entrou no mar e foi espalhando a notícia: 
A sereia Mariana agora é uma pessoa! 


As baleias ficaram sabendo e espalharam a notícia para os sete mares. Em pouco tempo, o polvo malvado ficou sabendo e foi procurar a Mãe-d’água. Quando ela ficou sabendo que Mariana transformou-se em ser humano, ela ficou enfurecida 
“Não pode ser verdade!” – gritou.  E o polvo respondeu: “Eu mesmo vi”. 

A Mãe-d’água, imediatamente, partiu em direção a Meaípe e com enorme velocidade ela aproximou-se da praia. Mas enlouquecida pelo ódio, esqueceu-se de Augusto, transformado em pedra. Num terrível choque, ela provocou uma enorme explosão no meio do mar. Augusto libertou-se do feitiço e a Mãe-d’água transformou-se em pedra, deixando cair um anel. 
Com o fim da Mãe-d’água, acabou o feitiço de Augusto. 

No dia do casamento Augusto entregou um lindo anel para Mariana, espanta ela explicou que havia perdido aquele anel no mar e que ele era presente de seu pai, que havia dado a sua mãe no dia do casamento. 

Feliz, os dois se casaram e conta-se que foram felizes para sempre. E até hoje se pode ouvir uma linda canção na praia de Meaípe: 

Uma vez chorei na praia, 
prá um anel que se perdeu 
Meu anel que virou rocha 
nunca mais apareceu. 
Foi para goela da baleia. 
Ou foi pro dedo de outra sereia? 
Na verdade um holandês encontrou o meu anel
e deu pro seu amor e sou o seu amor.



BEDRAN, Bia. Coletânea de músicas infantis. Rob Digital: Rio de Janeiro, c2001.
NOVAES, Maria Stella de. Lendas capixabas. São Paulo: FTD, 1968. 162 p.


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CONVITE
Confeccionamos convites para entregar dias antes da apresentação da lenda A Sereia de Meaípe que será trabalhada no Hospital Infantil de Vitória na área de oncologia.





 


PROCESSO DE CRIAÇÃO
O nosso grupo trabalhou de forma empolgada e dinamizou a lenda. Para isso pensamos na elaboração do livro ilustrado para contar a história, assim poderíamos levar o livro até as crianças.
 


 



LIVRO ILUSTRADO
Durante o processo de realização do projeto houve a necessidade de levar em consideração certas particularidades do nosso público, uma vez que todo o processo seria realizado dentro do Hospital Infantil de Vitória, sendo este um espaço limitado e com certas restrições. Para isso adaptamos a lenda incluindo música para que houvesse participação dos sujeitos que são as crianças do Hospital Infantil da área de oncologia.







                     









LIVRO DE ATIVIDADES
Elaboramos uma lembrança em que a criança pudesse guardar a lenda. Um pequeno livro de atividades com desenhos para colorir. Uma dessas atividades foi desenhar a Mãe d'Água conforme a imaginação, pois a mesma não aparece ilustrada na história.

 
                                   
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SEREIA DE MEAÍPE – GUARAPARI - ES

Foto de Osvaldo Lofego
Encontrado em: http://www.flickr.com/photos/capixabismo/page7/



4 comentários:


  1. Durante o semestre, a proposta de aula ministrada pela professora Meri Nádia Gerlim culminou em significantes debates culturais, enriquecidos pelos ilustres colegas do 7º período que agregavam valor aos debates em aula. Entretanto, algo de muito interessante surgiu como proposta de avaliação em grupo, e a ideia sugerida pela professora foi trabalhar com lendas capixabas na perspectiva de refazer os contos garantindo sua originalidade e apresentar de forma lúdica a elaboração desse projeto numa grande amostra cultural.

    O nosso grupo trabalhou de forma empolgada e dinamizou a estória da "A Sereia de Meaípe" visto que seria impossível alguém não se apaixonar pela nova roupagem que a estória recebeu. Venho por meio dessa ressaltar a sensibilidade e dinamismo das minhas colegas de trabalho que por meio de ideias preciosas tornaram possível a realização cultural dessa obra.

    Inevitavelmente confesso que minha concepção de agente cultural era equivocada e acompanhada por meu desconhecimento. Em sua celebre obra, "O que é ação cultural" Teixeira Coelho salienta "que a função do agente cultural é servir ao individuo, sensibilizando-o para a criação e dando-lhe as armas para repelir a dominação cultural’’.

    O desafio de trabalhar a lenda foi apenas um artifício usado para que nós futuros bibliotecários interpretássemos a ação cultural livre de preconceitos, tornando possível sua aplicação em qualquer ambiente informacional. Portanto, cultura é o que move o individuo, o grupo para longe da indiferença, criando oportunidades de ampliar as fronteiras do conhecimento visando à fusão cultural.

    Patrícia Alves Allocca

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  2. Como quesito avaliativo, foi proposto a nós, alunos de biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo, a criação de um produto cultural sobre as lendas capixabas. A professora Meri Nadia Gerlim, distribuiu as lendas. O meu grupo foi premiado em receber uma lenda capixaba tão rica em detalhes: A Sereia de Meaípe.

    Ao criarmos o produto norteamos por meio de conceitos apresentados durante o período e nos deparamos com a preocupação de sermos agentes de cultura e não animadores. O animador cultural promove cultura, as pessoas só recebem e contemplam e não era o que nosso grupo queria. Nossa decisão era fazermos ação cultural, sermos agente de cultura levando o sujeito a participar, produzir, criar e transformar, fazendo quem sabe algo mudar na vida do mesmo. E segundo Flusser (1983, p. 156 apud BARROS, cap. 7, 2003, p. 83) uma “[...] ação cultural libertadora, articula-se em torno de três problemas: a invenção, a formulação e a criação. [...]”.

    Para isso adaptamos a história incluindo música para que houvesse participação dos sujeitos que são as crianças do Hospital Infantil na área de Oncologia. O que nos dava certas restrições, mas isso não foi problema, pois conseguimos adequar as ideias a realidade das mesmas.

    Além da música confeccionamos convites para entregar dias antes da apresentação e uma lembrança em que a criança pudesse guardar a lenda e com atividades sobre a mesma. Uma das atividades foi a de desenhar como eles imaginam a personagem Mãe’dÁgua, pois a mesma não aparece ilustrada na história.

    O trabalho proposto permitiu para que colocássemos em prática o que aprendemos em sala e ter em mente o que o profissional bibliotecário pode e deve propiciar nas unidades de informação. Assim como defende a Rosa (2009, p. 373) “a importância da prática da ação cultural nas unidades de informação, explica-se pela contribuição educativa que a mesma produz e seu caráter transformador na realidade social, onde os indivíduos tornam-se sujeitos da cultura e criação de novos conhecimentos”.

    REFERÊNCIAS

    COELHO, Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 1989.

    ROSA, Anelise Jesus Silva da . A PRÁTICA DE AÇÃO CULTURAL EM BIBLIOTECAS. Revista ACB, 2009 , volume: 14, Número: 2. Disponível em: http://www.sumarios.org/resumo/pr%C3%A1tica-de-a%C3%A7%C3%A3o-cultural-em-bibliotecas. Acesso em: out. 2012.

    Hevillyn Lauer de Araujo

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  3. Durante o processo de realização do projeto houve a necessidade de levar em consideração certas particularidades do nosso público, uma vez que todo o processo seria realizado dentro do Hospital Infantil de Vitória, sendo este um espaço limitado e com certas restrições.

    Levantamos algumas questões como qual seria o espaço disponível para realizar o projeto? Qual seria o estado de saúde dessas crianças? Para isso pensamos na elaboração do livro ilustrado para contar a história, assim poderíamos levar o livro até as crianças. Elaboramosum pequeno livro de atividades com desenhos para colorir e um espaço para as crianças desenharem a mãe d’água conforme a imaginação, pois tal personagem não está ilustrada no livro. A ideia de encaixar uma música foi para propiciar um momento de interação com o público, aproveitamos para alterar o final da lenda objetivando um final mais alegre que o original, lembrando sempre que "Nada do que é cultural pode ser estanque, porque a cultura faz parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto fundamental”.(SANTOS, 2006).

    Buscamos por em prática o que aprendemos sobre ação cultural durante os seminários circulares, vala lembrar que “A ação cultural bibliotecária visa à democratização da cultura através do exercício de uma nova prática profissional comprometida com as classes menos privilegiadas da sociedade, de modo que os indivíduos possam manifestar-se nas diversas formas de expressão cultural, artística e literária, como sujeitos da criação cultura”. (CABRAL,1989)

    Ao trabalharmos em cima da lenda capixaba “A Sereia de Meaípe” encontramos uma maneira de aproximar o público um pouco mais da cultura capixaba, apresentando histórias que giram em torno do nosso estado, uma vez que “Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos culturais com os contextos em que são produzidos.” (SANTOS, 2006).


    Jéssica Evangelista Rodrigues

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  4. Nossa Jéss super bacana o trabalho e iniciativa de vcs de mostrar a diversidades cultural seja na arte ou na literatura, para que possamos unir através de culturas diferentes a troca de conhecimento sem fazer discriminação, preconceitos e tabus.
    "Unir o útil é agradável" rs tudo de booom!!!
    Parabéns a todos!
    Bjs

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